A Cambridge Analytica, a empresa que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump em 2016,  terá utilizado informações sobre os utilizadores sem autorização.

O Facebook suspendeu relações com a Cambridge Analytica, uma empresa de recolha e tratamento de dados sobre eleitores que trabalhou na campanha presidencial de Donald Trump em 2016, alegando que usou informações sobre os utilizadores sem autorização — uma fuga de 50M de dados pessoais de utilizadoresdo Facebook.

A notícia ocorreu algumas horas antes de o The Guardian e The New York Times terem relatado no sábado que a SCL e a Cambridge tinham recolhido dados de cerca de 50 milhões de contas do Facebook.

A rede social salienta que a Cambridge violou as regras do Facebook, mas também refere que todos aqueles dados pessoais, obtidos sem consentimento, não foram obtidos através de um ataque informático.

A empresa de Mark Zuckerberg justificou o afastamento numa publicação, indicando que a Cambridge Analytica ficou com informações pessoais do Facebook em 2014 e 2015 sem autorização, apesar de ter dito que as tinha eliminado.

Paul Grewal, o autor da publicação do Facebook, considera este caso “uma inaceitável violação de confiança”, e disse que a rede social tomará medidas legais, se necessário, caso seja confirmado que houve violação de leis.

Esta “fuga” ocorreu porque uma aplicação chamada “yourdigitallife”, criada pelo britânico Aleksandr Kogan, permitia recolher dados pessoais de forma “ilimitada” do Facebook.

O Facebook afirmou que apenas 270 mil pessoas descarregaram essa aplicação, mas Kogan conseguiu obter dados de 50 milhões de contas sem o seu consentimento; daqueles, dados foram obtidos 30 milhões para a Cambridge, com a finalidade de criar perfis psicográficos sobre eles.

O Facebook removeu a aplicação em 2015, e exigiu também que os dados recolhidos pelos utilizadores fossem destruídos. No entanto, várias fontes confirmaram que os dados não foram destruídos em 2015.

No sábado, a  U.S. Senator Amy Klobuchar pediu a Mark Zuckerberg para testemunhar antes do senado sobre a fuga do Facebook:

Facebook breach: This is a major breach that must be investigated. It’s clear these platforms can’t police themselves. I’ve called for more transparency & accountability for online political ads. They say “trust us.” Mark Zuckerberg needs to testify before Senate Judiciary.

— Amy Klobuchar (@amyklobuchar) March 17, 2018

 

Pouco depois, o Facebook suspendeu relações com a Cambridge Analytica:

The claim that this is a data breach is completely false. Aleksandr Kogan requested and gained access to information from users who chose to sign up to his app, and everyone involved gave their consent. People knowingly provided their information, no systems were infiltrated, and no passwords or sensitive pieces of information were stolen or hacked.

 

Um porta-voz da Cambridge Analytica negou qualquer comportamento impróprio, indicando que, quando soube que o uso dos dados era uma violação das políticas do Facebook, decidiu apagá-los na totalidade.

Estamos a porta de uma nova legislação sobre tratamento de dados, o Regulamento Geral de Proteção dos Dados.

A comissária da entidade reguladora de privacidade do Reino Unido, Elizabeth Denham, anunciou hoje que está a investigar se os dados foram ou não ilegalmente adquiridos e usados.

“É importante que o público esteja totalmente consciente de como a informação é usada e partilhada nas campanhas políticas da atualidade, e o potencial impacto na sua privacidade”, disse a comissária britânica.

 


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