Nas suas cartas mais secretas, o rei católico expressou fortemente o seu desacordo com algumas decisões do grande capitão durante a campanha de Nápoles, na qual percebeu um enorme risco para o futuro do reino e para a sua própria liderança. Este é um dos primeiros detalhes palpáveis para desvendar um segredo que durou mais de 500 anos.

O Centro Nacional de Inteligência (CNI) acabou de desvendar o que, sem dúvida, foi um dos mistérios mais importantes da história da Espanha: o código de comunicações secretas entre Fernando Católico e Gonzalo Fernández de Córdoba, um herói militar cuja figura amplia-se à luz das missivas.

As cifras nunca foram decifradas porque a tabela de substituição multipla aplicada aos textos não foi preservada. Hoje, esse mistério chegou ao fim.  As mensagens cifradas “guardavam” ordens, ameaças.

Ninguém conseguiu decifrá-los porque a tabela de substituição múltipla aplicada aos textos não foi preservada. Os mensageiros vinham e se dirigiam continuamente entre o tribunal dos reis católicos e o reino de Nápoles, sem que ninguém pudesse lê-los mais do que o destinatário. Eles carregavam ordens, ameaças veladas, instruções vigorosas e chamadas à ordem. Hoje, esse mistério chegou ao fim. Os resultados feitos pelos especialistas do centro confirmam a grande sofisticação do código usado, bem antes do seu tempo.

Em 2015, o Museu do Exército exibiu um conjunto de cartas, do arquivo dos Duques de Maqueda, em uma amostra dedicada ao Grande Capitão e solicitou a ajuda de especialistas da CNI para tentar encontrar a chave, conforme confirmado pela ABC Coronel Jesús Anson da instituição de Toledan.

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Embora as letras criptograficas fossem um sistema comum na época, as tabelas do rei católico eram “muito bem pensadas”, de acordo com os técnicos espanhóis. O sistema é baseado na cifra Vigenère, mas bastante avançado, tanto que nada semelhante é encontrado até o século XVII.

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Combinatoria realizada pelo CNI com base nas cartas

 

É importante explicar que as palavras cifradas não possuem separações para evitar a detecção do inicio e fim das frases. Existem símbolos soltos, que correspondem a letras. Mas nem sempre são iguais. Os mais utilizados têm cinco ou seis correspondências diferentes, portanto, não é possível detetar as repetições.

Os investigadores aplicaram os símbolos conhecidos na peça da carta “Rosetta” ao texto e começaram a extrair coincidências. Um dos primeiros casos foi o F de Felipe, que correspondeu ao símbolo 31.

No total, 88 símbolos e 237 códigos de letras combinados foram contados, e a tabela do “Código Gran Capitán”, do império espanhol, foi decrifrado.

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Uma das primeiras descobertas: 31 = F

 

A partir da primeira transcrição, pode-se ver que as letras correspondem a fragmentos de outros “em caracteres claros” que estavam no mesmo arquivo, mas mesmo neste caso, foi possível decifrar quatro parágrafos que não apareceram nas cópias e que são reveladores.

Mais um grande feito para a história espanhola e para a criptografia.


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